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Gemini Cooperation: Quais serão os impactos da Aliança nos portos globais?

 

A Gemini Cooperation entre a Maersk e a Hapag-Lloyd está prestes a transformar o cenário do transporte marítimo global e, especialmente, o dos portos brasileiros. A promessa de maior confiabilidade e eficiência, aliada a um compromisso com a sustentabilidade, não apenas poderá otimizar as operações portuárias, mas também impulsionar a economia local em um mundo cada vez mais conectado.

À medida que nos aproximamos do início dessa nova era, a expectativa é alta sobre o impacto que essa aliança terá nos próximos anos.

Desde então o cenário do transporte marítimo mundial segue agitado com o anúncio dessa colaboração que visa a criação de uma rede conjunta de frete marítimo, focada nas rotas leste-oeste, prometendo transformar a dinâmica das operações portuárias globais, incluindo os portos brasileiros.

Com a Maersk operando a segunda maior frota de navios porta-contêineres do mundo e a Hapag-Lloyd ocupando a quinta posição, a Gemini Cooperation marca uma mudança significativa nas alianças do setor. Enquanto a Maersk se prepara para encerrar sua aliança 2M com a MSC em janeiro de 2025, a Hapag-Lloyd também se desvinculará da THE Alliance, onde era o maior membro.

A nova parceria combinará aproximadamente 290 embarcações, com uma capacidade total de 3,4 milhões de contêineres (TEU), sendo 60% delas provenientes da Maersk e 40% da Hapag-Lloyd.

O objetivo é audacioso: alcançar uma confiabilidade de cronograma superior a 90%, bem acima da média atual da indústria, que gira em torno de 60%. As operações estão programadas para começar em fevereiro de 2025 e cobrirão rotas estratégicas que vão da Ásia aos Estados Unidos, passando pelo Oriente Médio, Mediterrâneo e Europa.

A Gemini Cooperation pode trazer mudanças significativas para os portos brasileiros. Com a ampliação da rede global e o foco em tempos de trânsito competitivos, os portos do Brasil podem se tornar mais atrativos para importações e exportações.

A melhoria na confiabilidade dos serviços de frete é uma promessa que pode beneficiar não apenas as grandes empresas, mas também o comércio local e a economia na totalidade.

Além disso, o compromisso de ambas as empresas com a sustentabilidade, visando uma redução das emissões de carbono, pode alinhar-se com os esforços do Brasil em promover um transporte mais ecológico. Com metas ambiciosas de descarbonização — a Maersk buscando zero emissões líquidas até 2040 e a Hapag-Lloyd até 2045 — os portos brasileiros podem se ver no centro de uma revolução verde no transporte marítimo.

A Gemini Cooperation representa uma fatia significativa do mercado global, reunindo 21,5% da capacidade mundial de navios porta-contêineres. Isso poderá reconfigurar as alianças existentes, especialmente para a THE Alliance, que, sem a Hapag-Lloyd, terá de reavaliar sua capacidade de competição frente a gigantes como a Ocean Alliance, que detém 29,3% da frota global.

À medida que o mercado marítimo continua a evoluir, a parceria Gemini pode provocar uma onda de reestruturações e novas alianças, forçando outras transportadoras a se adaptarem ou buscarem novos parceiros para manter sua competitividade.


Compartilhamento do artigo originalmente publicado no Jornal Portuário.

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